TCC 2015

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quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Como eu trabalho PANS de Ansiedade:

Durante o desafio de pans qual pode ser o raciocínio do terapeuta?

Apresento um exemplo e faço algumas considerações teóricas e técnicas sobre o meu trabalho neste desafio.

Situação: Assistir-me na TV

PAN: Vou passar mal (...e não vou aguentar), creio 100%.

Emoção: Ansiedade, 90%

Comportamento: Pensei em me esquivar.

Evidências a Favor do PAN.- Já fui avaliada negativamente.- Já passei mal e fui embora.

Evidências Contra o PAN.- É verdade que as pessoas podem me avaliar, mas também positivamente.- As avaliações não me atingem a ponto de ser insuportável. Elas são passageiras e nunca me destruíram.- Já fui atingida quando criança, hoje sou mais forte e sei entender que algumas coisas são normais.- As pessoas nem sempre estão certas em suas avaliações negativas.

Pensamento Alternativo ao PAN (- Vou passar mal), nesta situação:- Vou assistir bons momentos que passei com pessoas conhecidas e com pessoas que conheci neste evento. Não serão apenas momentos de sentir-me mal. Posso suportar mesmo os momentos que me sentir mal.

Evidências que apoiam este pensamento Alternativo:- Minhas avaliações negativas que pensei sobre os outros não mudaram a vida deles; as poucas pessoas que me falaram sobre suas avaliações negativas sobre mim não me afetaram de um modo insuportável e duradouro.

Meta na situação:- Assistir minha participação e rever o que aconteceu, de modo geral, em um evento importante para mim e minha família.

O PAN ajuda ou atrapalha na meta:- Sempre atrapalhou, pois sempre acabei não indo aos eventos que pudesse ser avaliada negativamente pelas pessoas.

Há erros lógicos no PAN sobre a situação?- Sim.

Quais Erros Cognitivos existem no PAN?
-Catastrofização: - Eu areditei que sempre seria avaliada negativamente pelas pessoas.
- Supergeneralização: - Eu acreditei que porque fui criticada uma vez, aos 9 anos de idade (por um incidente), seria criticado em outras situações.
-Maximização/minimização: - Eu achei que o mal estar ia acabar comigo e que eu não teria o que fazer, nem mesmo ser ajudada.
- Desconsiderando o positivo: - Eu não lembrei, de imediato, que houveram muitos momentos bons.
- Abstração seletiva: Eu só pensei em um detalhe e não em todo o evento.
- Leitura Mental: - Eu acreditei saber o que as pessoas pensam.

Qual o significado do PAN?
- Eu pensava que nunca iria saber me comportar bem diante das pessoas e que faria minha família passar vergonha; passei a achar que era melhor ficar em casa, assim eu não me sentiria uma pessoa inadequada.

Como você pretende agir se aparecer outra situação como esta?
-Já estou agindo diferente, lembro que não sei o que as pessoas pensam, seja de bom ou de mal, a não ser que me falem. E se falarem não significa que seria atingida.
- Eu tenho pensamentos parecidos com esses em situações onde tenho que tirar fotos ou ver fotos que tiraram de mim e já comecei a vencê-los. Tenho olhado as fotos que tirei e não é nada que acabe comigo.
- Sempre evitei convites que me expusessem e este ano já os aceitei.
- Estou me sentindo muito melhor e muito feliz.

Considerações do Terapeuta:
- O desafio de pensamentos de ansiedade é melhor conduzido quando focalizamos o nosso questionamento, junto ao paciente, considerando apenas o esquema de vulnerabilidade sem tentar explorar de qual esquema primário ele deriva.
- As pessoas com ansiedade tem medo de algo; e é esse medo que deve ser desafiado, no caso acima o medo de passar mal e não suportar. Não suportar o quê? O passar mal. A angústia, as alterações fisiológicas, a aflição que parece que não passará.
- Devemos estar atentos justamente para essas cognições sobre o passar mal: não vou suportar, não vai passar, etc.-É fato que as pessoas avaliam.
- É fato que ninguém pede para ser criticado negativamente.
-...mas a intensidade do passar mal é relativa; a duração do passar malé relativa; também são relativas as formas como cada pessoa pode lidar com o seu mal estar. A lei da Vulnerabilidade diz que um estressor pode ser interpretado de modo diferente pelas pessoas: tem gente que morre de medo de baratas e outras correm atrás delas para matá-las.
-Na medida em que nos concentramos no Esquema de Vulnerabilidade nos deparamos com o esquema primário se revelando diante de nós. Não o afetemos com nossas interpretações; o esquema é do paciente e não do terapeuta. Continuemos colaborativos. Veja no exemplo acima: a paciente foi compreendendo seu Esquema de Vulnerabilidade e nos apresentando o seu Esquema Primário de Inadequação. O qual, em outro momento, ela compreenderá. Estamos gerenciando seu humor (4ª sessão) e nos preparando para a fase de reestruturação de crenças.
- Use o raciocínio investigativo da fórmula de Salkovisks, tanto para as evidências a favor ou contra o PAN. Esta fórmula auxilia a construção de um pensamento alternativo mais estruturado em termos de valência emocional para o paciente.
- Lembre-se dos erros cognitivos da ansiedade: abstração seletiva e magnificação/minimização, principalmente.
-Não se preocupe em zerar a crença no PAN ou na intensidade emocional, o importante é o gerenciamento, de forma que os sintomas não perpetuem comportamentos de segurança disfuncionais.

Dúvidas, sugestões e críticas para arnaldo@ctcbauru.com.br