Pessoas com raiva são movidas pela cognição de que estão tendo suas regras violadas e que isto implicará em uma ameaça ou uma perda.
A namorada que acreditou que o namorado chegaria as 20 horas estará tranquila até esta hora, mas poderá ficar intranquila a medida que ele demora. Ela tem uma regra de que horários devem ser cumpridos e pode entender que o atraso significa uma desconsideração com sua regra. Esta desconsideração implicaria no fato dela pensar "ele não está mais interessado em mim, vou perdê-lo. Ficarei sem namorado, não serei mais estimada e isto me deixará infeliz". Portanto um atraso é muito grave. E concluindo poderá pensar que "tudo isto não teria acontecido se ele não tivesse dito que chegaria no horário, se tivesse sido justo, sincero e honesto comigo. Ele não devia fazer isto comigo, não se faz isto com quem se gosta".
Esses pensamentos de irritabilidade poderiam ser vistos como uma oportunidade para que ela examisse se as implicações que imaginou são cabíveis literalmente ao contexto ou estão superdimensionadas por erros cognitivos.
Os pensamentos ansiosos revelam suas idéias de que o namorada que deveria ser um resgate passou a ser uma ameaça ao seu bem estar; ameaça que não suporta e não tem recursos para enfrentar.
Paul Salkovskis apresentou sua fórmila contra a ansiedade e enfatiza que podemos ter idéias distorcidas quanto a dimensão da ameaça e dos recursos para enfrentá-la.
Os pensamentos tristes revelam idéias sobre perdas que estamos tendo ou ganhos que estão nos faltando e que poderão nos levar à infelicidade.
Aaron Bech aponta que as idéias de perda ou de falta podem ser produtos de um viés negativo superdimensionado que desenvolvemos como padrão ao processar, avaliar o real.
A emoção de raiva é uma experiência subjetiva vivenciada pelo nosso organismo geralmente de forma intensa. A percepção desta experiência pode nos dar a uma idéia de certeza quanto as nossas cognições evidenciadas automáticamente sugerindo-nos comportamentos proporcionais que podem chegar a alta agressividade e disfunção social, interpessoal e intrapessoal.
Entrar de cabeça na raiva, na irritabilidade, esbravejar, agredir é improdutivo e atrasa, principalmente o nosso aprimoramento pessoal.
Arnaldo Vicente