TCC 2015

TCC 2015

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

15 de outubro, dia do que ensina, mas não faz nenhum aluno aprender.


Parabéns e obrigado à todos os professores que me ensinaram, desde o primeiro ano até o último dia em que assisti uma aula. Vocês foram os grandes colaboradores de minha vida, assim como foram os meus pais. Pena que vocês não tinham o poder de me fazerem aprender. Talvez eu fosse uma pessoa melhor se isto tivesse sido possível, mas não foi. Mesmo despreparado de critérios fui eu quem escolhi o que eu apreenderia, fui eu que signifiquei e resignifiquei o que ouvi, vi e senti diante de tudo o que foi oferecido por vocês. Cheguei a crer que vocês me faziam aprender e me taxei de incapaz quando vi que não tinha apreendido. Que ingenuidade!
Hoje sei que vocês não podiam me fazer aprender, independente da vontade ou da capacidade de vocês. Minha capacidade de perceber e avaliar, o que vocês me apresentaram, não foi suficiente em muitos momentos para dar o valor produtivo que hoje percebo que poderia ter dado no passado. Tive sentimentos conturbados por conta dos pensamentos automáticos negativos sobre vocês e sobre mim. Eu estava equivocado, mas não sabia que eram minhas idéias sobre vocês que estavam determinando o meu humor e meus comportamentos naquelas situações.
Hoje eu sei.
Obrigado a todos os meus alunos que se permitiram tomar contato com os conteúdos que apresentei em nossas aulas. Sei que não tive poder sobre o sucesso ou dificuldades de vocês, mas sei que tive responsabilidade sobre o que me cabia. Posso ensinar, não posso fazer aprender.
Arnaldo Vicente - Professor de Terapia Cognitiva.

A solução não é a educação. É a política.


Não teremos mudanças eficazes de qualidade de vida se o nosso povo continuar ignorando a importância, as consequências da política em nossas vidas. Veja o caso Renam Calheiros não adiantou o nível educacional, o que adiantou foi a atitude política no próprio meio eleito e nas repercussões sociais. O Lula chegou onde chegou não pela educação, mas por sua evolução política. A educação só será efetiva se contribuir para a formação política. Queremos acreditar que hoje o tempo é a era da coca-cola ou skol, da informática e da MBA, não é. Continuamos na era da política, mesmo que ao invés de coca-cola ou skol tenhamos que terminar com a última dose de cicuta.

A tríade cognitiva enfatiza a importância do futuro e o futuro é entender e intervir na política hoje.

Arnaldo Vicente

terça-feira, 9 de outubro de 2007

A indecisão revela uma falta de acordo do "Eu-Comigo".


Porque não consigo tomar atitudes com uma pessoa querida que me irrita, que abusa de mim? São anos colecionando dissabores, expectativas frustradas que prejudica o meu presente e o meu futuro imediato; mas lá está ela abusando dia após dia, cutucando-me, como a àguia que de dia cutucava e comia o fígado imortal de Prometeu. Automáticamente sei o que fazer e automáticamente deixo de fazer.
Prometeu foi castigado porque roubou o conhecimento, na forma de fogo, que pertencia a Zeus e o entregou aos homens. As pessoas que abusam são como Zeus, criam regras para o seu bem estar e acreditam que estas devem ser seguidas pelas pessoas à sua volta, não hesitando em culpá-las e até puní-las. Elas, assim como Zeus, interpretam que se transgrediram suas inprescindíveis regras é porque intencionam torná-las vulneráveis. Felizmente, a rigidez de Zeus, o deus dos deuses, é passageira e ele ordena (sempre acha que pode determinar) a Herácles que mate a àguia.
As vezes nos falta a coragem de Prometeu e não assumimos os nossos conhecimentos sobre o quanto uma relação é improdutiva para a nossa meta de ser feliz. Isto porque somos atropelados pela nossa meta de sobrevivência. Acreditamos que se agirmos de modo diferente seremos desamparados, ignorados ou não estimados.
Por isto afirmei que automáticamente sei o que fazer(para ser feliz), mas automáticamente deixo de fazer (para não aumentar minha vulnerabilidade).
É preciso haver um entendimento entre Zeus e Prometeu a favor do Homem; uma harmonia entre o que pensamos sobre o que precisamos, o que queremos e o que podemos. Nosso ego (ligado ao mundo) precisa colaborar com o nosso Self (ligado a nossa natureza).
Arnaldo Vicente.



As crenças e a motivação.







A motivação ocorre quando vislumbramos a completude ou a felicidade. Nos motivamos por ordem de nossas necessidades serem reguladas ou pelas inspirações e desejo de promoções. As necessidades são implacáveis e não são negociáveis; a sede e a fome, por exemplo não esperam pela nossa boa vontade. Mas uma vez as necessidades básicas correspondidas (como dizia Maslow-foto) despertam à busca inspiradora de novas conquistas, novas realizações. Isto me faz entender porque a crença de incompetência somada a de vulnerabilidade nos leva a temer o desamparo e porque mesmo depois de amparado ainda continuamos a querer desenvolver mais competência. Precisamos nos sentir competentes para atender as novas inspirações e aspirações, que podem ser traduzidas como a busca do outro adequado e estimável.
Talvez o segredo seja analisar nossas competências separada de nossas vulnerabilidades. Primeiro ter uma visão realista e atualizado do que somos capazes, segundo considerar em quais àreas precisamos ou queremos investir essa capacidade, terceiro avaliar se nossa capacidade é suficiente ou devemos complementá-la antes de iniciar qualquer passo e quarto ponderar as estratégias à implementar.
Arnaldo Vicente

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Felicidade, o ponto final da Ansiedade.


Tenho trabalhado muito com os pans e as crenças de ansiedade e vejo que um dos quadros de ansiedade que mais me permitiu aprender a trabalhar com essas crenças é o quadro de Pânico. Um quadro claro e ao mesmo tempo difícil de se desconstruir. As crenças intermediárias ligadas as interpretações do funcionamento orgânico nos remete para uma situação extrema que é "se não controlo o meu corpo morrerei". Lembrando Salkovskis: a possibilidade e a aversão se potencializam. Quando o foco é a morte o quadro fica ainda mais comprometido. O enfrentamento fica inoperante, pois também fica potencializado pela crença primária de incapacidade e a esperança foca-se nos resgates. O quadro de perpetuação provocado pela abstração seletiva e a evitação são mantidos pela equivocada interpretação catastrófica sobre os sintomas orgânicos. A tríade cognitiva está comprometida no Eu-Futuro e dependente do Resgate-Presente Imediato (de pessoas, remédios, etc). A urgência: viver, não perder a vida, ter um final feliz.
Ter um final feliz é também o objetivo da pessoa com TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizada) e de outros transtornos. Todos queremos ser felizes. Sentimos alegria quando temos a felicidade, tristes ao perdê-la, ansiosos diante da ameaça de perdê-la, com raiva quando não conseguimos mantê-la. Não queremos apenas sentí-la queremos possuí-la; e quando acreditamos que a temos nos confundimos e chamamos prazer de felicidade. Desenvolvemos então a crença de que é possível criar um esquema onde possamos ser capazes de assumir o controle sobre a felicidade (digo, "do prazer"), basta ter competência. O próximo passo é a felicidade de ser adequado e estimado.
Mas, a felicidade não tem dono e quando todas estratégias falham ao invés de mudarmos a meta permanecemos nas submetas, entramos em Pânico, em Depressão ou iniciamos as Idéias de Suicídio.
A dicotomia se revela no desejo de tudo (feliz?) ou nada (infeliz?), oito ou oitenta.
Ansiosos não alcançam a Felicidade Total (Invulnerabilidade Perfeita) e então concluem que estão ameaçados pela Infelicidade Total (Vulnerabilidade Cognitiva).
Martin Seligman fala dos benefícios de saber analisar as dimensões de permanência, abrangência e personalização na construção dos estilos cogntivos. De fato suas recomendações auxiliam no gerenciamento de sintomas e reestruturação cognitiva. Tenho complementado esse trabalho chamando a atenção para o quanto o ansioso está mais atento nas metas (finalidades) do que nos problemas (motivos). Não é o medo o seu grande inimigo, mas sim a sua falta de esperança. Essa falta de esperança se revela em suas preocupações improdutivas, que como enfatiza Robert Leahy não geram submetas viáveis, mas apenas alívio.
Tenho orientado pais e professores a auxiliar na construção de uma meta construtiva: "o pior não tem que ser a última coisa esperada, é possível que o melhor aconteça". Como? Iniciando e, principalmente, terminando o contato com um discurso favorável ao criticado, seja na esfera da competência, adequação, estima ou segurança. Os discursos em terapia mostram que os ansiosos e pessimistas sempre falam da última lembrança de uma situação lembrando ou revivendo seus aspectos negativos. Talvez por isto os ansiosos não verifiquem se suas predições ocorrem ou não.
Não estou dizendo gerem prazer estou dizendo ofereçam momentos felizes.
É por isso que dou muita importância em saber o que o paciente fez em sua semana que tenha sentido alegria e felicidade e logo em seguida pergunto: -"O que isto revela sobre você?"
Arnaldo Vicente