TCC 2015

TCC 2015

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Felicidade, o ponto final da Ansiedade.


Tenho trabalhado muito com os pans e as crenças de ansiedade e vejo que um dos quadros de ansiedade que mais me permitiu aprender a trabalhar com essas crenças é o quadro de Pânico. Um quadro claro e ao mesmo tempo difícil de se desconstruir. As crenças intermediárias ligadas as interpretações do funcionamento orgânico nos remete para uma situação extrema que é "se não controlo o meu corpo morrerei". Lembrando Salkovskis: a possibilidade e a aversão se potencializam. Quando o foco é a morte o quadro fica ainda mais comprometido. O enfrentamento fica inoperante, pois também fica potencializado pela crença primária de incapacidade e a esperança foca-se nos resgates. O quadro de perpetuação provocado pela abstração seletiva e a evitação são mantidos pela equivocada interpretação catastrófica sobre os sintomas orgânicos. A tríade cognitiva está comprometida no Eu-Futuro e dependente do Resgate-Presente Imediato (de pessoas, remédios, etc). A urgência: viver, não perder a vida, ter um final feliz.
Ter um final feliz é também o objetivo da pessoa com TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizada) e de outros transtornos. Todos queremos ser felizes. Sentimos alegria quando temos a felicidade, tristes ao perdê-la, ansiosos diante da ameaça de perdê-la, com raiva quando não conseguimos mantê-la. Não queremos apenas sentí-la queremos possuí-la; e quando acreditamos que a temos nos confundimos e chamamos prazer de felicidade. Desenvolvemos então a crença de que é possível criar um esquema onde possamos ser capazes de assumir o controle sobre a felicidade (digo, "do prazer"), basta ter competência. O próximo passo é a felicidade de ser adequado e estimado.
Mas, a felicidade não tem dono e quando todas estratégias falham ao invés de mudarmos a meta permanecemos nas submetas, entramos em Pânico, em Depressão ou iniciamos as Idéias de Suicídio.
A dicotomia se revela no desejo de tudo (feliz?) ou nada (infeliz?), oito ou oitenta.
Ansiosos não alcançam a Felicidade Total (Invulnerabilidade Perfeita) e então concluem que estão ameaçados pela Infelicidade Total (Vulnerabilidade Cognitiva).
Martin Seligman fala dos benefícios de saber analisar as dimensões de permanência, abrangência e personalização na construção dos estilos cogntivos. De fato suas recomendações auxiliam no gerenciamento de sintomas e reestruturação cognitiva. Tenho complementado esse trabalho chamando a atenção para o quanto o ansioso está mais atento nas metas (finalidades) do que nos problemas (motivos). Não é o medo o seu grande inimigo, mas sim a sua falta de esperança. Essa falta de esperança se revela em suas preocupações improdutivas, que como enfatiza Robert Leahy não geram submetas viáveis, mas apenas alívio.
Tenho orientado pais e professores a auxiliar na construção de uma meta construtiva: "o pior não tem que ser a última coisa esperada, é possível que o melhor aconteça". Como? Iniciando e, principalmente, terminando o contato com um discurso favorável ao criticado, seja na esfera da competência, adequação, estima ou segurança. Os discursos em terapia mostram que os ansiosos e pessimistas sempre falam da última lembrança de uma situação lembrando ou revivendo seus aspectos negativos. Talvez por isto os ansiosos não verifiquem se suas predições ocorrem ou não.
Não estou dizendo gerem prazer estou dizendo ofereçam momentos felizes.
É por isso que dou muita importância em saber o que o paciente fez em sua semana que tenha sentido alegria e felicidade e logo em seguida pergunto: -"O que isto revela sobre você?"
Arnaldo Vicente