TCC 2015

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terça-feira, 22 de julho de 2008

O jeito Narcisista do Jovem J.


O jovem J é um adolescente que tem tido problemas que sugerem uma intolerância excessiva à frustração. A hipótese inicial é de que ele tem investido suas energias em metas irrealizáveis que não dependem dele mesmo, mas de outras pessoas.

Ele relata ter sentido uma grande irritabilidade quando teve a expectativa de que sua mãe correspondesse a uma expectativa sua: - "Ela bem que podia se relacionar com aquela pessoa que escolhi para ela. Ela será feliz e eu também."

Diante das negativas materna o jovem J chegou a ter comportamentos suicidas e de auto-mutilação, como estratégia dramática e limítrofe para impressionar, pressionar e controlar a mãe.

Durante os trabalhos psicoterapêuticos suas estratégias de controle diminuiram de frequência embora ainda tenha uma expectativa menos intensa de ser correspondido.

Na medida em que relatou a irritabilidade da mãe diante de seu oposicionismo em atendê-la, tivemos a oportunidade de analisar a questão pela sua ótica (estilo cognitivo). O jovem J, dizia não importar-se com as expectativas de sua mãe, que considerava-as uma falta de respeito, egoísmo e falta de amor para com ele (Ela não me estima).

Questionado se contava com sua mãe para corresponder suas expectativas, ele confirmou e acrescentou que sua felicidade dependia de sua mãe. Que apesar de seus constantes pedidos ela não o correspondia.

Questionado se considerava o seu pedido razoável confirmou que sim, afinal ela era sua mãe e seria normal que ela o atendesse.

Questionado se tinha expectativas semelhantes em relação a outras pessoas ele confirmou que sim. Sempre tinha certeza do que esperava dos outros.

Questionado se as pessoas constantemente tinham expectativas sobre ele, hesitou e respondeu que não; esclareceu que "elas não sou bobas de achar que vou ficar fazendo o que elas querem, elas sabem que não dou a mínima para o que não estou interessado e que sou grosso com elas se insitirem."

Questionado se o modo como pensava a respeito de ter suas expectativas correspondidas pelas pessoas era semelhante ao modo como lidava diante das expectativas delas em relação ele, respondeu que não. Eram modos diferentes: "eu posso esperar delas, elas não podem esperar de mim" (erro cognitivo de frases imperativas, eu devo, eles devem).

Questionado se sempre percebera esta diferença, hesitou e sorriu: - "Não, eu não percebia. Percebi agora, conversando aqui."

Questionado se ter altas (e intransigentes) expectativas que não dependiam de si o estava ajudando respondeu que não (metas fracassadas).

Questionado se sentia-se motivado a investir nas expectativas que dependeria de si, respondeu que sim, um pouco, porque não sabia como fazer isto(início de flexibilização).

Questionado se esta poderia ser uma meta para o trabalho em terapia, respondeu que sim (feedback).

Questionado se sentia-se motivado para isto, respondeu que mais ou menos, mas que tentaria (instilando esperança).

O jovem J tem atitudes com (1) características de dependência (preciso fazer vínculos); (2) características narcisistas (elas devem me servir, sou especial) e (3) características de controle (elas devem permanecerem a minha disposição).

Nosso planejamento de intervenção contemplou, no início, o trabalho com suas características de controle por considerá-las de alto risco (intervenção de crise).

Atualmente, estamos lidando com as características narcisistas e de dependência, investindo em metas que colaborem para seu auto conceito de capacidade e estima.

Meta terapêutica: "Sou uma pessoa que faz as coisas de modo especial para mim e para as outras pessoas."

A Procrastinação do Senhor B.





O senhor B diz que tem "patinado" nas atividades". Diz que não sabe se é procrastinação ou se não deu mesmo (tempo) para realizar algumas atividades.

O seu PAN: Não consigo fazer as coisas direito (Sou inadequado).

Ele fez duas lista:
1- O que não deu (tempo) mesmo: ele colocou atividades que não estavam sendo realizadas, mas que não dependiam dele.

O seu PAN: Preciso falar com as pessoas, mas e se elas acharem ruim? (Serei visto como inadequado).

2- O que teria dado (tempo) se não tivesse procrastinado: ele colocou atividades que dependiam dele: organizar a mesa de trabalho e usar a agenda.

O seu PAN: "...depois eu dou jeito."

Questionado sobre seu pensamento: "...depois eu dou jeito" o Senhor B disse que isto sempre acontece e ele deixa de realizar a tarefa em questão.

Questionado se acreditar que "...depois eu dou jeito" gerava um sentimento positivo, ele cofirmou.

Questionado se este sentimento lhe dava a sensação de poder, controle e confiança, ele confirmou.

Questionado se esta confiança ajudava-o a realizar suas tarefas, ele considerou que não ajudava.

Questionado se poderia ser uma confiança escessiva, ele confirmou.

Questionado se era uma previsão não comprovada (mágica) ele confirmou, e acrescentou que acabava por assumir mais compromissos do que poderia dar conta.

Questionado se o montante de compromissos assumidos estrapolava sua agenda(real) ele confirmou.

Questionado se a confiança inicial permanecia, ele esclareceu que não continuava e isto fazia-o sentir-se inseguro e evitar (procrastinar) envolver-se na realização da atividade. Ou seja, no início sentia-se confiante, 100% capaz (otimismo irrealista) e depois sentia-se sem auto confiança, incapaz (% ?, pessimista).
Foi explicado ao Senhor B os conceitos de erros cognitivos de Permanência e Abrangência na formação da depressão e da desesperança. Ele confirmou que já se sentira em depressão e com desesperança.

Questionado sobre o que poderia fazer sobre estas questões: propôs realizar as duas tarefas que dependem dele: organizar a mesa (15 minutos) e usar a agenda (15 minutos).

Proposto que monitorasse e desafiasse o seu pensamento " ...depois eu faço" ele concordou.

O Senhor B, vem fazendo progressos, realizando gradualmente suas tarefas, com isto tem percebido e se beneficiado de seu perfil de empreendedorismo e criatividade.

Nosso planejamento de intervenção contempla neste momento a evolução de seus recursos pessoais e prepara-o para lidar com seus resgates (outras pessoas) sem a preocupação (100%) de ser visto como inacapaz (100%) ou inadequado (100%).