TCC 2015

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sábado, 15 de setembro de 2007

Personalidade (segundo a TC) e esquizofrenia.


O modelo cognitivo de personalidade propõe que, através de sua história, e com base em experiências relevantes desde a infância, desenvolvemos um sistema de esquemas, registrados no inconsciente, também chamado de memória implícita. Esquemas, nesse sentido, podem ser definidos como super-estruturas cognitivas, que refletem regularidades do real conforme percebidas pelo sujeito, e organizam elementos da percepção sensorial, ao mesmo tempo em que são atualizados por eles, em uma relação circular. Os esquemas ainda dirigem o foco de nossa atenção. Incorporadas aos esquemas, desenvolvemos crenças básicas e pressuposições intermediárias específicas para diferentes classes de eventos, as quais são ativadas em vista de eventos críticos elicitadores. A ativação dessas crenças reflete-se, no pré-consciente, nos conteúdos dos pensamentos automáticos, que, por sua vez, influenciam a qualidade e intensidade da emoção e a forma do comportamento.Daí decorre que a teoria cognitiva básica reflete um paradigma de processamento de informação, baseado em esquemas, como um modelo de funcionamento humano. O sistema envolve estruturas, processos e produtos, envolvidos na representação e transformação de significado, com base em dados sensoriais derivados do ambiente interno e externo. As estruturas e processos atuam a fim de selecionar, transformar, classificar, armazenar, evocar e regenerar informação, segundo uma forma que faça sentido para o indivíduo em sua adaptação e funcionamento. Central, portanto, para o modelo cognitivo é a capacidade para atribuição de significado.O modelo cognitivo de psicopatologia, semelhantemente, propõe que, durante o desenvolvimento e em vista de regularidades do real interno e externo, indivíduos podem gradualmente perder sua flexibilidade cognitiva, que lhes permite continuamente assimilar novas regularidades e atualizar seus esquemas. Enrijecendo-se, os esquemas tornam-se disfuncionais, predispondo o indivíduo a distorções cognitivas e à resistência ao reconhecimento de formas alternativas de processamento, as quais, em conjunto com fatores biológicos, motivacionais e sociais, originariam os transtornos emocionais. A hipótese da vulnerabilidade cognitiva, fundamental nesse modelo, propõe que portadores de transtornos emocionais apresentam uma tendência aumentada a distorcer eventos, no momento de processá-los; e, uma vez feita uma atribuição, resistem ao reconhecimento de interpretações alternativas.Na esquizofrenia, com base no modelo psiquiátrico de diátese e estressores ambientais, o modelo cognitivo propõe que a vulnerabilidade ou predisposição geneticamente determinada à esquizofrenia é materializada através da interação com estressores ambientais e experiências subjetivas, que resultam em um sistema de esquemas cognitivos e crenças disfuncionais que predispõem o indivíduo ao desenvolvimento e manutenção de um quadro esquizofrênico. O tratamento cognitivo, em paralelo ao tratamento farmacológico, resultaria na reabilitação do portador de esquizofrenia.
Dra. Ana Maria Serra
Acesse o website oficial do I Congresso Internacional de Esquizofrenia e Terapia Cognitiva:http://www.congressoesquizofrenia.com.br/