A Terapia Cognitiva vem ganhando crescente visibilidade e relevância no Brasil, em virtude de algumas de suas características centrais, como modelo integrado, fundamentação cientifica, integração entre teoria e prática e entre pesquisa e clínica, curto prazo, eficácia, aplicabilidade a uma ampla gama de transtornos, características que, entre outras, tem-lhe assegurado o respeito de cientistas, clínicos e pacientes ao redor do mundo. Uma abordagem pragmática, a TC tem-se mostrado extremamente bem situada internacionalmente dentre os inúmeros modelos de psicoterapia propostos no último século.No Brasil, desde meados da década de 1990, observamos uma situação bastante semelhante, com uma proliferação de clínicas e institutos conduzindo pesquisas, oferecendo atendimento clínico e cursos nessa abordagem. Contudo, o caráter recente da terapia cognitiva entre nós tem igualmente lhe valido alguns equívocos e distorções, que certamente serão corrigidas, à medida que um número crescente de profissionais obtenha treinamento adequado, através de instrutores preparados, e em instituições autorizadas.Terapia Cognitiva e Terapia ComportamentalNo Brasil, a TC tem sido freqüentemente, e equivocadamente, identificada com a Terapia Comportamental, originando a idéia de que terapeutas treinados na abordagem comportamental estariam naturalmente habilitados a praticar a TC. As abordagens cognitiva e comportamental têm diferentes concepções de ser humano e modelos de personalidade e de psicopatologia incompatíveis. A TC tem um modelo teórico e aplicado específico, cujo emprego integral possibilita a tão divulgada brevidade e eficácia que lhe são amplamente atribuídas.A mudança para a TC por comportamentais demanda, portanto, uma adaptação da visão de ser humano e a adoção dos modelos cognitivos de personalidade e psicopatologia, com a devida integração a estes de técnicas comportamentais que, nesse caso, são empregadas com a finalidade de mudar cognições, e não comportamentos. Essa modalidade integrada, denominada Terapia Cognitivo-Comportamental ou TCC, semelhantemente à TC, adota a hipótese de primazia das cognições sobre emoções e comportamentos e conceitua as cognições como eventos mentais.Ao contrário, a integração de elementos da TC à terapia comportamental, isto é, a utilização de técnicas cognitivas dentro de um enquadre comportamental, sem a adoção do modelo cognitivo e da hipótese de primazia das cognições, não é viável. O não reconhecimento dessas diferenças e da limitação de possibilidades que delas resulta, origina interpretações distorcidas do que é TCC, que têm contribuído para confundir profissionais, estudantes e pacientes. As denominações TC, TCC e terapia comportamental têm sido impropriadamente empregadas por alguns setores e grupos como se fossem equivalentes e intercambiáveis.Uma das conseqüências desses equívocos é que, em anos recentes, o treinamento de profissionais em TC no Brasil tem sido prejudicado, com programas que anunciam oferecer treinamento em TC enfatizando diferentes vertentes.A despeito dessas dificuldades, o futuro da TC no Brasil mostra-se promissor. A tendência é uma crescente atenção à devida qualificação de profissionais instrutores e clínicos, que se anunciam como terapeutas cognitivos, a fim de que a excelente reputação da abordagem possa ser assegurada e que os relatos de consistência, eficácia e brevidade, atribuídos à TC e reconhecidos mundialmente, possam se confirmar também no Brasil.Nesse contexto, especialmente em vista das especificidades e dificuldades apontadas, destaca-se a importância da realização, pelo ITC-Instituto de Terapia Cognitiva, de eventos reunindo líderes internacionais nas áreas clínica e científica, que mobilizam profissionais brasileiros interessados na exposição ao modelo cognitivo em suas várias áreas de aplicação.Em particular, a aplicação da TC à esquizofrenia tem sido amplamente enfatizada, tanto no âmbito da clínica como das pesquisas, em programas ambiciosos e com resultados extremamente encorajadores, em que a associação da TC à farmacoterapia demonstra-se superior às estratégias terapêuticas tradicionais com relação ao gerenciamento dos sintomas centrais e periféricos, promovendo ainda melhor aderência à medicação e maior tolerância aos seus colaterais.Esses programas serão apresentados durante o I Congresso Internacional de Esquizofrenia e Terapia Cognitiva com inigualável competência, através de seus mais reconhecidos experts, pioneiros nessa área de atuação e autores das mais expressivas publicações no gênero.
Dra. Ana Maria Serra
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