TCC 2015

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domingo, 9 de setembro de 2007

Pânico fora da tela.


Não é filme, mas trata-se de uma imaginação equivocada, fundamentada numa interpretação sobre um evento secundário.
Esclarecendo: a pessoa percebe-se com um mal estar físico ao qual ela "diagnostica" como perigo de morte iminente. Perigo este que deve ser evitado de imediato. O perigo iminente nada mais é do que uma resposta ansiogênica do organismo que funciona de modo primitivo ao receber uma mensagem de ameaça. Quanto mais recursos menor a ansiedade, diz o grande terapeuta Paul Salkovskis, mas e quando esses recursos são tomados como parte do perigo? Uma pessoa que avalia que diante de uma situação está em perigo automáticamente estará orientando, ordenando que seu cérebro acione seus recursos orgânicos para defender-se da ameaça. Um desses recursos é bombear o sangue mais rápido de modo que o sangue chegue as extremidades imediatamente para que pés, pernas, mãos e braços sejam utilizados na batalha anunciada. O corpo fica rijo e mais fortalecido, a capacidade de alerta fica mais sensível e busca-se localizar o perigo a ser controlado sobre pena de morte. O cérebro faz o seu trabalho de disposição e proteção à vida. No entanto, essa ativação de recursos está equivocadamente sendo interpretada como "meu coração vai sair pela boca, vou desmair, vou perder o controle e vou morrer". O problema fica circular, pois cada uma dessas predições potencializa o movimento de auto proteção do cérebro; e quanto mais ele trabalha mais é incompreendido.
História: o senhor X, estava dirigindo quando num techo largo de uma movimentada via em São Paulo se viu ladeado por carros em velocidade, diminuiu a velocidade e foi pressionado pelas buzinas dos outros veículos. A avaliação de perigo foi inevitável e a pressão contínua e em alta velocidade dos outros motoristas contribuiram para que ele vivenciasse uma situação de possível descontrole e incerteza. Ele utilizou seus recursos, sempre bem aplicados em outras situações e ao invés de parabenizar-se pelos mesmos, sentiu-se aliviado e superdimensionou o perigo, concluindo que precisava tomar muito cuidado para não mais passar por situação semelhante. O senhor X, tem uma grande experiência como motorista num dos trânsitos mais caóticos do mundo, mas acreditou que seus recursos eram parcos e que a sua incapacidade colocaria sua vida em risco.
Como homem sério e responsável, nos seus cinquenta anos, passou a preocupar-se em controlar ou evitar situações que pudessem colocá-lo em risco; uma das principais estratégias foi estar atento ao funcionamento do seu coração e paralelamente passou a imaginar o quanto esse mal o prejudicaria, por vezes o mal estar "passou a aparecer só de pensar sobre possíveis consequências". Muitas vezes ficou triste e também irritado diante da incapacidade que previa ser crescente e irreversível. Queria sua velha vida de volta, mas como se quanto mais pensava pior ficava?
A família do senhor X sugeriu e ele iniciará uma terapia nesta semana em Sãp Paulo, o profissional é da abordagem transpessoal, mas utiliza técnicas cognitivas e coordena grupo de pessoas com Pânico em São Paulo.
Obs: o senhor X tem uma mãe hipocondríaca e pessimista; e não faz corridas, apenas caminhadas, porque sempre acreditou que se corresse morreria do coração. O senhor X e sua família não têm históricos de cardiopatias.
Vamos aguardar notícias do senhor X.
Arnaldo Vicente.

Um comentário:

Anônimo disse...

Estou ansioso (no bom sentido) por mais histórias do Sr. X.