A preocupação é a capacidade que temos de pensar sobre algo que imaginamos que acontecerá. Ela aparece de repente, mas não acontece do nada. Ela só aparece quando...
A preocupação é a capacidade que temos de pensar sobre algo que imaginamos que acontecerá. Ela aparece de repente, mas não acontece do nada. Ela só aparece quando acreditamos que estamos ameaçados de alguma forma.
1- A preocupação é comum?
Sim, é comum a todos os seres vivos. Porque todos os seres vivos são dotados de um senso de autopreservação que está sempre alerta as mudanças nele e em seu ambiente.
As pessoas se acostumam com a rotina e quando ela é quebrada podem imaginar que estão ameaçados.
2- O ser humano se sente bem com a rotina?
Sim, todos se sentem confortáveis quando acreditam que sabem o que está acontecendo em sua vida. É como se acreditassem que tudo está bem e o perigo não existe.
3- Mas, é comum ouvir as pessoas dizerem que não gostam da rotina, não é?
Sim, na medida que as pessoas acreditam que tudo está bem, se tranqüilizam e outros desejos começam a brotar.
Podemos dizer que quando as necessidades básicas estão satisfeitas aparecem as de convivência afetiva e de realização.
4- Ninguém vive só de pão e água?
Isto mesmo, é preciso se relacionar com as pessoas e também realizar ações que nos tragam alegria e felicidade.
5- Há diferenças entre alegria e felicidade?
Sim, felicidade está ligada aos acontecimentos, se acontecem coisas boas você pensa coisas boas e fica feliz. Seus pensamentos de felicidade dependem dos seus resultados.
Na alegria você não depende dos seus resultados externos, ela está ligada a sua satisfação interior a sua convicção de que está vivendo de acordo com o que você acha que pode ser bom para você e para os outros.
6- Mas, na medida em que a pessoa escolhe satisfazer outras necessidades ela quebra sua própria rotina e volta a ficar preocupada?
Exatamente, e é por isso que tem muita gente que escolhe ficar do mesmo jeito.
7- Estas são pessoas que só mudam se tiver a garantia de que tudo dará certo?
Sim. São pessoas que não sabem lidar com os imprevistos. Ficam tão preocupadas e pessimistas que acabam atrapalhando ou abrindo mão de seus objetivos e de seus sonhos.
8- Elas agiriam diferente se soubessem lidar com suas preocupações?
Com certeza sim. Poderiam facilitar mais os seus desempenhos e conseguiriam alcançar os seus objetivos com mais freqüência.
9- De que forma elas poderiam lidar com suas preocupações?
Identificando os seus pensamentos de preocupação. Esses pensamentos sempre se referem a uma ameaça que poderá acontecer.
10- Você tem um exemplo de pensamento de preocupação?
Sim, uma mulher tinha um compromisso agendado e os seus pensamentos de preocupação foram: - Não vou conseguir terminar o meu serviço e vou chegar atrasada na consulta médica.
Ela acreditou no seu pensamento e resolveu fazer o seu trabalho com pressa. Quanto mais pressa ela tinha, menos ela conseguia prestar atenção no trabalho e ela tinha que começar tudo outra vez.
Ela não conseguiu terminar o seu trabalho e saiu agitada para o seu compromisso no qual chegou adiantada. Ficou chateada, pois teria dado tempo para ter terminado o seu trabalho se tivesse conseguido manter a calma.
11- Como ela poderia ter lidado com a sua preocupação?
Como ela lidou quando ocorreu outra vez uma situação semelhante. Ela percebeu os seus pensamentos e analisou o que eles tinham de verdade em quatro aspectos.
12- Quais são os quatro aspectos que tem os pensamentos de preocupação?
Possibilidade de ocorrer a ameaça.
Aversão a ocorrência dessa ameaça.
Recursos pessoais para enfrentar a ameaça.
Resgates para ajuda-la a enfrentar a ameaça.
Na preocupação esses aspectos são aumentados quanto a possibilidade e aversão e diminuídos nos recursos.
13- Vamos então conversar sobre como a mulher analisou esses aspectos quando pensou que chegaria atrasada na consulta médica. O que ela analisou sobre as possibilidades de chegar atrasada?
Ela analisou qual era a possibilidade real de chegar atrasada e percebeu que:
-tinha tempo suficiente para fazer seu trabalho com calma sem se atrapalhar;
-lembrou que se não conseguisse terminar poderia pedir ajuda ou fazer no outro dia.
Portanto a possibilidade de chegar atrasada era mínima.
14-O que ela analisou sobre sua aversão de chegar atrasada?
Ela analisou sua aversão real em chegar atrasada no seu compromisso e percebeu que:
-mesmo que se atrasasse isto não era o fim do mundo, pois não se atrasava sempre.
-que não era tão rígida quando as pessoas atrasavam e ela tinha que esperar.
Portanto, atrasar naquela situação não era tão aversivo como pensou. Não era desejável, mas compreensível naquela situação.
15- O que ela analisou sobre os recursos pessoais para não chegar atrasada?
Ela analisou seus recursos pessoais reais para não se atrasar e percebeu que:
-Poderia fazer o trabalho sem atrapalhar-se, como fez muitas outras vezes.
-Que merecia receber ajuda, se precisasse, pois sempre ajudava as colegas.
Portanto, não estava tão vulnerável como pensou.
16- O que ela analisou sobre os resgates, sobre a ajuda que teria para esta situação?
Ela analisou seus resgates reais e percebeu que:
-As pessoas sempre se ofereciam para ajudá-la no trabalho e sabiam que ela precisava ir ao médico naquele dia.
-O marido a esperava na porta do emprego para leva-la de carro na consulta.
-Poderia ligar para a secretária no consultório médico e avisar que chegariam atrasados.
Portanto ela podia contar com a ajuda das pessoas e se sair bem.
17-Depois dessas análises ela não tinha mais motivos para acreditar em suas preocupações e ficou bem?
Sim.
18- Ela analisou quatro aspectos: possibilidade, aversão, recursos pessoais e resgates. É assim que se lida comas preocupações?
Sim. Quando estamos preocupados estamos pensando sobre o que é possível acontecer de aversivo na situação e que não vamos conseguir resolver porque não temos recursos pessoais e nem de resgates.
19- Quanto menos recursos pessoais e resgates pensamos que temos mais preocupados ficamos?
Exato. Ficamos preocupados, ansiosos e com vontade de se esquivar, fugir ou até de atacar.
20- É por essa razão que ao invés de fugirmos de nossas preocupações o melhor é acolhê-la?
Sim, esta é a forma para conseguir avaliar se as idéias contidas nela são verdadeiras ou não, se vale a pena ou não tanto desgaste.
21-E quando mesmo assim a preocupação não passa?
Ela não passa, mas não continua do mesmo jeito, fica mais leve e mais enfrentável.
O importante é que você a analisou e viu que você não está tão fraco como pensava, só isto o ajudará encontrar uma forma de resolvê-la, sozinho ou com a ajuda de alguém.
22- O importante então não é viver uma vida sem preocupações, mas saber como lidar com elas?
Isso mesmo, não há como não termos pensamentos automáticos sobre o futuro.
Mais do que das condições, nós dependemos das nossas decisões.
Nenhum comentário:
Postar um comentário