TCC 2015

TCC 2015

terça-feira, 23 de setembro de 2008

LIDANDO MELHOR COM A DOENÇA


Até hoje nos habituamos a pensar que a doença é nossa inimiga, que ela vem para nos prejudicar e atrapalhar a nossa vida. São pensamentos que nos dão uma idéia de...
Até hoje nos habituamos a pensar que a doença é nossa inimiga, que ela vem para nos prejudicar e atrapalhar nossa vida. São pensamentos que nos dão uma idéia de fragilidade, gerando medo e comportamentos de impotência ou de enfrentamentos exagerados, como por exemplo exagerar no uso de medicamentos.

1- De modo geral como as pessoas lidam com a doença?

Com negatividade, como algo externo que de súbito nos ataca, desorganizando e piorando nossa vida. São idéias catastróficas que nos assustam, aumentam a nossa ansiedade, provocam um estresse orgânico e dificultam nosso raciocínio de buscar a melhor solução no momento.

2- Como lidar de forma diferente com a doença?

Uma forma diferente seria descobrir se há, comprovadamente, aspectos positivos na doença. Por exemplo: qualquer doença leve ou grave nos força a mudar o nosso ritmo de vida, nos força a sair da rotina, do jeito mecânico que temos de viver no dia a dia.

3- Essa mudança forçada em nosso ritmo pode ser vista como positiva?

Sim, estas mudanças geralmente nos proporcionam mais tempo livre; então, podemos usar esse tempo livre de modo negativo com lamentações e acusações ou de modo positivo refletindo e reorganizando o modo como vivemos.

4- Como?

Podemos parar e pensar quais são as coisas importantes as quais temos nos dedicado nos últimos dias, que resultados temos tido e como estes resultados tem contribuído para nossa saúde física e mental, o que nos falta para nos sentirmos melhor.

5- Isto poderia ser feito também nas doenças graves?

Sim, o que temos observado nos consultórios e hospitais é que quanto maior a gravidade da doença e a sua ameaça a vida, mais profunda pode ser a reflexão e a realização de mudanças em si mesmas, em seus relacionamentos e em sua maneira de viver.

6- Que reflexões ocorrem?

- "O que eu fiz na minha vida até agora?
- O que me realizou como pessoa?
- O que me fez (ou faz) mal?
- O que me falta?".

7-A pessoa faz uma avaliação sobre como viveu sua até agora?

Sim e é nesse processo de avaliação que começam a lidar diferente com a doença – não mais como algo estranho que a surpreendeu, mas como algo de alguma forma ligado as suas experiências, ao que viveram até este momento, às atitudes que mantiveram diante da vida, dos outros e de si mesmas.

8- A pessoa se beneficia quando percebe que como sua vida pode ter contribuído para o surgimento da doença?

Sim, o organismo não está separado das experiências que a pessoa viveu – seus pensamentos, sentimentos, necessidades e crenças - tem uma repercussão no funcionamento do seu corpo. E ao entender de que maneira participou do seu adoecimento, poderá fazer o caminho inverso e participar de sua cura, não apenas através da escolha consciente do tratamento, mas também através da reorganização de sua vida – um reflexo da reorganização dela mesma.

9- Então, quando a pessoa muda internamente, esta mudança inclui mudança de atitudes, sentimentos, crenças e valores. Elas mudam a sua vida, alcançando um nível de bem-estar até então desconhecido, o que repercute favoravelmente no funcionamento do seu organismo?

Sim, ela não vai apenas eliminar os sintomas físicos, mas vai iniciar um processo de renovação da sua pessoa como um todo, abarcando tanto a parte física, como também a parte psicológica.

10- Ao invés de encararmos a doença como nossa inimiga, podemos percebê-la como uma amiga?

Sim, como um sinal enviado pelo nosso próprio organismo de que de alguma maneira estamos ultrapassando nossos limites, negando algumas de nossas necessidades ou não "digerindo" algum sentimento ou experiência. É comum, por exemplo, "engolirmos sapos" e passarmos mal do estômago, ou ainda, nos sobrecarregarmos de tarefas e pegarmos uma virose.

Através da doença o nosso organismo está falando-nos algo a respeito de nós mesmos e de nossas vidas, chamando a nossa atenção para algo que muitas vezes teimamos em não ver e que reclama alguma ação ou mudança de nossa parte. Nesse sentido a doença está sendo nossa amiga.

11- A doença pode colaborar para a mudança e o crescimento pessoal?

Sim, existem pessoas que realizaram mudanças profundas e significativas em suas vidas a partir de uma doença ou acidente grave.

Pessoas mudam seus pensamentos, sentimentos e hábitos quando compreendem que sua rotina anterior o adoeceu e o afastou de conseguir realizar suas metas e seus sonhos.

12- As pessoas doentes quando tem essa visão curam-se mais rápidos?


Sim, pessoas que vêem a doença desta forma entendem que podem contribuir para sua cura. Não ficam tão ansiosas e nem depressivas.


13- Essa postura diferente frente a doença é estimulada pelos profissionais de saúde?

Cada vez mais profissionais compreendem a necessidade desta nova visão sobre a doença, é por isto que em muitos hospitais existem a hora da brincadeira, da brinquedoteca, a presença de familiares por mais tempo e presença de voluntários que levam uma palavra otimista ou atividades que contribuam para melhorar o humor dos pacientes, acompanhantes e funcionários.

14- Em doenças como o câncer esta postura se torna ainda mais importante?

Sim. Olhar para a doença como uma forma de crescimento gera bem estar imediato e esperança em médio prazo. O importante é que a vida no presente fique renovada. Estar bem no presente gera a confiança de que podemos continuar bem em outros momentos.

E é importante frisar que isto pode ser buscado e alcançado independentemente do prognóstico e da evolução da doença, uma vez que o essencial está não na quantidade de anos vividos, mas na maneira de vivê-los.

Esta postura frente a doença funciona como uma auto-terapia que contribui para uma modificação do funcionamento do SNC dando ao paciente um nível de equilíbrio emocional mais estável e , portanto, melhorando o estado geral de saúde e conseqüentemente o ritmo de recuperação das pessoas em tratamento.

15- O que as pessoas que não conseguem olhar o lado positivo da doença deve fazer?

Primeiro devem perguntar qual é o seu objetivo de estar tentando se curar, e depois se perguntar se a sua postura ajuda ou atrapalha-a a alcançar este objetivo.

Se ainda assim a dificuldade permanecer devem conversar com pessoas que confiam ou com profissionais da saúde.

Agradecimentos, pelo texto base, de Lenise Brandão – Psicóloga Clínica e hospitalar com especialização em Psicoterapia e Atualização em Tanatologia e Márcia Belas - Psicoterapeuta e Psicóloga Clínica com trabalho em Psico-oncologia.-

Rua Aviador Gomes Ribeiro 17-38 – Altos – Bauru – SP – F: 3227 1473 e 3224 1544 – w

Nenhum comentário: