TCC 2015

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terça-feira, 23 de setembro de 2008

JOGO PATOLÓGICO


tema: JOGO PATOLÓGICO

Dicas para identificar, esclarecer e incentivar o diagnóstico precoce do jogo patológico.


Jogo patológico pode ser definido pela persistência e recorrência do comportamento de apostar em jogos de azar, apesar de prejuízos em diversas áreas da vida decorrentes dessa atividade.


A investigação sobre a atividade de jogar pode detectar precocemente esse transtorno. Jogadores patológicos devem ser encorajados a procurar ajuda de tratamento adequado.

1 - O jogo pode tornar-se uma atividade de risco?

Sim. Passar algumas horas no bingo pode ser uma atividade de lazer, mas, freqüentemente, pode tornar-se uma atividade de risco.

Jogos de azar vêm se tornando cada vez mais populares em vários países, inclusive no Brasil. Apesar do crescente número de casas de jogos, incluindo bingos e máquinas eletrônicas, não há nenhum controle sobre essas atividades.

Frente ao estímulo para jogar, pouco tem sido feito em termos de prevenção, pesquisas ou tratamento no Brasil.

Jogo patológico tem sido considerado uma questão de saúde pública, havendo um crescente esforço de conscientização de profissionais e da população em vários países.

2 – Como se inicia esse processo?

O jogo começa com pequenas apostas, normalmente na adolescência, sendo mais freqüente entre os homens.

O intervalo de tempo entre começar a jogar e a perder o controle sobre o jogo varia de 1 a 20 anos, sendo mais comum num período de 5 anos.

É freqüente que as primeiras apostas tenham resultado em ganho de uma quantia expressiva de dinheiro.

Podemos dividir o comportamento de jogar em três fases.

3 – Quais são essas fases?

Fase da vitória, da perda e do desespero.

4 – Como é a fase da vitória?

A fase da vitória é quando a sorte inicial é rapidamente substituída pela habilidade no jogo.

As vitórias tornam-se cada vez mais excitantes e o indivíduo passa a jogar com maior freqüência, acreditando (sem questionar-se) que é um apostador excepcional.

Um indivíduo que joga apenas socialmente geralmente questiona-se e pára de jogar aí;

5 – Como é a fase da perda?

A fase da perda é a da atitude de otimismo não-realista passa a ser característica do jogador patológico. Ele acredita que mesmo que perca algumas vezes, no final sairá lucrando muito.

O jogo não sai de sua cabeça e ele passa a ir jogar sozinho.

Depois de ganhar uma grande quantia de dinheiro, o valor da aposta aumenta consideravelmente, na esperança de ganhos ainda maiores.

A perda passa a ser difícil de ser tolerada. A idéia de que ao final lucrará ainda persite.

O dinheiro que ganhou no jogo é utilizado para jogar mais, em seguida, o indivíduo emprega o salário, economias e dinheiro investidos;

6 – E a fase do desespero?

A fase do desespero é caracterizada pelo aumento de tempo e dinheiro gastos com o jogo e pelo afastamento da família.

Um estado de pânico surge, uma vez que o jogador percebe o tamanho de sua dívida, seu desejo de pagá-la prontamente, o isolamento de familiares e amigos, a reputação negativa que passou a ter na sua comunidade e, finalmente, um desejo nostálgico de recuperar os primeiros dias de vitória.

A percepção desses fatores pressiona o jogador e o comportamento de jogar aumenta ainda mais, na esperança de ganhar uma quantia que possa resolver todos esses problemas.

Alguns passam então a utilizar recursos ilegais para obter dinheiro.
Essa fase, é comum a exaustão física e psicológica, sendo freqüente a depressão e pensamentos suicidas.

7 – Esses jogadores geralmente procuram ajuda?

Em geral, não. Apesar das graves conseqüências que o jogo patológico pode vir a provocar, os jogadores têm muita dificuldade em admitir o problema e pedir ajuda, e a aderência ao tratamento costuma ser baixa, procurando tratamento principalmente quando a situação se agrava, o que torna as tarefas de prevenção e diagnóstico precoce imperativas.

E para agravar ainda mais a situação, esse quadro ainda é desconhecido pela população, que identifica o jogador como um “mau caráter” e desconhece a existência de tratamento apropriado. Algumas vezes isolando ou justificando que a pessoa merece descansar depois de tanto trabalhar; colaborando para o agravamento da doença.

8 – Como os profissionais reconhecem o jogador patológico?

Pela persistência e recorrência do comportamento de jogar, indicado pela presença de pelo menos cinco dos seguintes itens:

(1) Preocupação com jogo (preocupação com experiências passadas, especulação do resultado ou planejamento de novas apostas, pensamento de como conseguir dinheiro para jogar);
(2) Necessidade de aumentar o tamanho das apostas para alcançar a excitação desejada;
(3) Esforço repetido e sem sucesso de controlar, diminuir ou parar de jogar;
(4) Inquietude ou irritabilidade quando diminui ou pára de jogar;
(5) Jogo como forma de escapar de problemas ou para aliviar estado disfórico (sentimento de desamparo culpa, ansiedade, depressão);
(6) Depois da perda de dinheiro no jogo, retorna freqüentemente no dia seguinte para recuperar o dinheiro perdido;
(7) Mentir para familiares, terapeuta ou outros, a fim de esconder a extensão do envolvimento com jogo;
(8) Cometer atos ilegais como falsificação, fraude, roubo ou desfalque para financiar o jogo;
(9) Ameaçar ou perder relacionamentos significativos, oportunidades de trabalho, educação ou carreira por causa do jogo;
(10) Contar com outros para prover dinheiro, no intuito de aliviar a situação financeira desesperadora por causa do jogo.

9 – São muitos os jogadores patológicos no Brasil?

Estatísticas em outros países mostram que há uma prevalência de Jogo Patológico estimada entre 1 e 4% da população geral (EUA e Canadá). No Brasil ainda não existem dados seguros sobre a situação, mas, devido à popularidade crescente dos jogos computadorizados e das casas de bingo, alguns indicativos já podem ser preocupantes.
Para se ter uma idéia, em 1998 o bingo era o jogo de preferência em 65% dos jogadores ou jogadoras compulsivas e, em 2001, essa preferência saltou para cerca de 90% (Maria Paula Magalhães Tavares de Oliveira), deixando as loterias, vídeo-pôquer, turfe e caça-níqueis em segundo plano na preferência dos jogadores.
Talvez a preferência pelo bingo tenha uma conotação cultural, ou seja, reforçada por haver maior aceitabilidade social do bingo em relação à outros jogos, tendo em vista a forma amadora, recreacional ou como atividade beneficente.

Pesquisa realizada em local de jogo em São Paulo e entre jogadores que procuraram tratamento observou que, apesar de ser crescente o número de mulheres que jogam, a maioria dos jogadores é do sexo masculino, tem cerca de 40 anos de idade, casada, trabalha e tem grau de escolaridade elevado.

Os jogadores costumam apostar em mais de um tipo de jogo de azar, apesar de normalmente praticarem mais assiduamente apenas um jogo específico.
Bingo, jogos eletrônicos (vídeo bingo, videopoker e caça-níqueis) e carteado são os mais referidos como atividades que trazem prejuízos.

10 – Essas pessoas apresentam outras doenças?
Jogo patológico vem freqüentemente associado por outros transtornos psiquiátricos, sendo os mais comuns o transtorno de humor, de ansiedade, dependência de álcool e outras drogas.
Dessa forma, consulta um profissional é muito útil para esclarecer o diagnóstico e empregar tratamento apropriado.

11 – E qual é o tratamento adequado

Existem poucos estudos controlados sobre tratamento e diferentes abordagens são descritas na literatura.
Grupos de Jogadores Anônimos, freqüentes em outros países, já se encontram em algumas cidades brasileiras. Abordagens psicodinâmicas são relatadas na literatura, bem como intervenção familiar, terapia cognitiva, comportamental e farmacoterapia.
Abstinência não é necessariamente o objetivo do tratamento, mas sim o autocontrole.

O Ambulatório do Jogo Patológico do PROAD (Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes) utiliza a psicoterapia de grupo com o propósito de auxiliar o jogador a sair do isolamento em que se encontra.

Psicoterapia individual é indicada para jogadores mais mobilizados, e orientação familiar é uma ferramenta importante.
Apesar de não existirem estudos controlados, alguns trabalhos indicam a utilização de antidepressivos como forma auxiliar na contenção do impulso de ir jogar.


Nota: Estes dados teve como referência o artigo da Psicóloga Maria Paula Magalhães Tavares de Oliveira Psicóloga da UNIFESP.

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