TCC 2015

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terça-feira, 23 de setembro de 2008

AO PERDERMOS NOSSOS ENTES QUERIDOS PARA ONDE VAMOS?

A resposta principal é que não vamos com eles. Ficamos aonde nos separamos, ficamos ao lado de muitas outras pessoas que ...
A resposta principal é que não vamos com eles. Ficamos aonde nos separamos, ficamos ao lado de muitas outras pessoas que também já experimentaram perdas. A tristeza é o principal sentimento nestes delicados momentos, mas pode haver o medo de não conseguir mais ser feliz ou a raiva de ter que aceitar uma perda que não escolhemos. Perder alguém pode nos lembrar o quanto somos frágeis e nos fazer esquecer que não somos só frágeis, então passamos da tristeza para a depressão ou do medo para a ansiedade generalizada.
1 - Quando se dá o processo de luto?
O processo de luto dá-se sempre que há uma perda, mas principalmente depois da morte de alguém que amamos, mesmo que ainda no ventre materno.
Apesar de sermos todos diferentes, a forma como experienciamos o luto é muito semelhante na maior parte de nós.
2 - Quais são os sentimentos no luto?
Não se trata de um único sentimento, mas de um conjunto de sentimentos: de ansiedade, de raiva, de culpa, de tristeza e depressão.
3 - Porque algumas pessoas ficam presas no luto, tem muita dificuldade para voltarem a viverem “como antes?”
Estas pessoas, provavelmente, desenvolveram idéias e sentimentos a respeito da perda da pessoa querida que está afetando o seu equilíbrio.
São sentimentos que necessitam de algum tempo para serem compreendidos e resolvidos, sem que sejam apressados.
4 - Porque esses sentimentos precisam de algum tempo para ser resolvidos sem pressa?
Porque mostram como a pessoa está lidando com a situação que, idéias está tendo sobre o fato de ter perdido o seu ente querido.
5 - O que pode mostrar a ansiedade?
Pode mostrar que a pessoa esta se vendo ameaçada, sozinha e sem saída, que sua vida não tem mais graça, não tem sentido.
Surge o comportamento de querer encontrar essa pessoa seja de que maneira for, mesmo que tal seja impossível.
Por isto, a pessoa começa a não conseguir relaxar ou concentrar-se e o sono pode ser perturbado.
6 - Como a pessoa pode ser ajudada nesses momentos de ansiedade?
As pessoas próximas são muito importantes neste momento, podem se aproximar, ficarem ao seu lado mostrando que estão disponíveis para ouvir, confortar e ajudá-la em suas dificuldades.
É importante que a pessoa sinta que não está sozinha e consiga perceber que há outras pessoas queridas ao seu lado.
A ansiedade diminui à medida que a pessoa percebe que não precisará enfrentar sua dificuldade sempre sozinha.
7 - O que pode mostrar a raiva?
Pode mostrar que a pessoa esta acreditando que não foi feito tudo o que se poderia ter feito para impedir a perda da pessoa querida. Ela pode estar culpando médicos, enfermeiros ou mesmo amigos e familiares.
8 - Como a pessoa pode ser ajudada nesses momentos de raiva?
A primeira atitude é não aumentar sua raiva contrariando ou incentivando-a a ter este sentimento. A raiva aumentada pode gerar atitudes descontroladas, as quais a pessoa pode se arrepender depois.
É importante que ela sinta que tem com quem falar, independente se está certa ou errada, mas porque é vista como importante, que perceba o quanto é estimada pelas outras pessoas e não só pela pessoa que perdeu.
À medida que a pessoa fala, ela se acalma, enxerga os fatos como eles são e pode escolher qual a melhor atitude a tomar e qual o momento adequado para realizá-la.
9 - O que pode mostrar a culpa?
Pode mostra que a pessoa está pensando em tudo aquilo que podia ter feito ou dito e que já não tem retorno ou mesmo naquilo que podiam ter feito para impedir essa morte.
A culpa também pode surgir depois de se sentir alívio pela morte de alguém que nos era muito querido, mas que sabíamos que estava sofrendo.
10 - Como a pessoa pode ser ajudada nesses momentos de culpa?
A pessoa deve ser lembrada que a morte, geralmente, é um acontecimento que não podemos controlar.
11 - O que pode mostrar a tristeza?
Pode mostrar que a “ficha caiu”, que a perda está sendo percebida de fato. Isto acontece, geralmente depois de duas semanas da perda da pessoa querida.
A pessoa fica mais em silêncio, isola-se mais, pensa nas coisas que não fará mais com a pessoa querida, mas lembra-se também do quanto aprendeu e viveu bem com ela.
Ela entende que perdeu a pessoa querida, mas não ignora as que estão ao seu lado.
12 - Como a pessoa pode ser ajudada nesses momentos de tristeza?
Primeira deve ser respeitada e não criticada ou pelo que está sentindo.
Não deve ser cobrada ou apressada a sentir-se menos triste.
Deve ser convidada, e não forçada, a participar de atividades que antes apreciava.
13 - O que pode mostrar a depressão?
Pode mostrar que a pessoa continua achando que a sua vida perdeu a graça e que nada que venha a fazer vai trazer sentido, felicidade para a sua vida.
A pessoa pode apresentar crises de choro e angústia intensa diante de tudo que lembra a pessoa que perdeu.
Nem sempre a pessoa percebe o que está acontecendo com ela, e quando percebe nem sempre sabe o que fazer.
Geralmente a depressão ocorre entre quatro e seis semanas após a perda da pessoa querida.
14 - Como a pessoa pode ser ajudada nesses momentos de depressão?
Ajuda muito considerar que a depressão neste momento é um sintoma normal; que está sendo gerado pelo fato da pessoa estar sempre pensando nos bons e maus momentos passado ao lado da pessoa querida.
No entanto, torna-se ainda mais importante a companhia das pessoas queridas nestes momentos.
Conversar sobre temas agradáveis ou convidar para eventos descontraídos e alegres contribui para que a pessoa tenha bons pensamentos, sentimentos e comportamentos.
Bons pensamentos, sentimentos e comportamentos combatem a depressão colaborando para que a pessoa volte a sua vida normal o mais rapidamente possível.
15 - Compreender as idéias que estão gerando os sentimentos ajuda a pessoa a enfrentar a perda do ente querido de uma maneira mais saudável?
Sim. Esses sentimentos são normais quando perdemos alguém querido; mas a vida continua nos esperando com suas rotinas e suas surpresas; quanto mais cedo voltarmos à ela melhor.
16 - Mas, sempre lembrando que é sem pressa?
Sim, sem pressa. À medida que o tempo passa, a angústia intensa, a depressão resultante do luto começa a desaparecer.
Podemos dizer que esta é uma fase difícil, mas essencial para a pessoa se levantar e voltar para a sua vida “normal”.
Dúvidas freqüentes:
1- Ver o corpo da pessoa falecida ajuda?
Para algumas pessoas é um modo importante de começar a ultrapassar a dificuldade da perda, por tratar-se de uma forma incontestável de encarar a realidade.
2- Ir ao velório e no enterro pode ajudar:
Da mesma forma, para algumas pessoas, o velório e o enterro podem ser situações onde a realidade começa a ser encarada.
Apesar de ser difícil lidar com estas situações, fugir delas pode levar a um arrependimento mais tarde.
3- O sentimento de perda desaparece um dia?
Não, mas isto não impedirá a pessoa de poder viver de uma forma saudável junto à outros entes queridos.
4- As crianças também sentem esses sentimentos fortes?
Sim, até mesmo antes do quatro anos, quando ainda não entendem a morte como os adultos.
5- As crianças demoram o mesmo tempo que os adultos para ficarem bem?
Em sua maioria não. As crianças têm uma forma mais otimista que os adultos e isto faz com que acreditem que mesmo os eventos negativos são passageiros.
6- As crianças podem se sentir culpada pela perda da pessoa querida?
R – Sim. A criança tem facilidade em acreditar que é responsável por tudo o que ocorre de bom, ou de ruim, a sua volta. Com a ajuda dos adultos pode perceber que isto não é verdade.
7 – Quando a criança entende o que é a morte?
Depende da idade delas:
- as crianças de até três anos não conseguem perceber claramente que a morte é definitiva e irreversível, mas entendem que não mais brincará com o seu avô ou sua mãe não a levará mais para a escola.
- as mais velhas percebem que a morte é algo natural e precisam de explicações concretas para entendê-la como a pessoa que morreu não vai mais se mexer, abrir os olhos, falar ou comer.
- a partir dos 12 anos ela já consegue entender o processo de morte.
- Ela vê, escuta e sabe o conceito do que é acabar. As perguntas sobre a morte iniciam-se por volta dos cinco anos.
8 – Como informar a morte a uma criança?
- Uma oportunidade para começar a falar da morte e ajudar a criança absorver isso como natural é a morte de uma planta ou de uma flor ou até mesmo conversar sobre o animalzinho de estimação que ficou doente e morreu.
- Falar sobre o processo de envelhecimento, principalmente se a criança tiver exemplos como um avô, e o porquê da morte também contribui para o entendimento menos traumatizante.
- Outra forma de expor de forma concreta esse acontecimento infeliz é através de livros, que podem auxiliar os pais na hora de conversar com as crianças sobre a morte, contendo palavras simples e de fácil assimilação por parte das crianças.
- evite falar que a pessoa dormiu para sempre ou descansou, a criança leva tudo ao “pé da letra” e pode ficar com medo na hora de dormir ou achar que a pessoa que morreu acordará.
- evite usar a expressão “foi fazer uma longa viagem” ou “foi embora” também pode confundir a criança e levá-la a acreditar que todos aqueles que farão uma viagem nunca mais voltarão ou então que a pessoa morta poderá voltar um dia.
- Se alguém perto da criança como pais ou avós morrem, a criança não deve ser excluída da experiência da perda como forma de poupá-la. A criança precisa saber da existência da morte, aceitá-la para enfim criar o seu processo de luto. Cada criança mostra o seu luto de diferentes modos e esse processo é fundamental para conseguir passar por esse momento sem criar culpa, medo ou traumas.
9 - O pais influem no modo como as crianças reagem nas perdas de entes queridos?
Sim, as crianças desenvolvem suas idéias primeiramente baseando-se nos exemplos de seus pais.
Se os pais têm medo da morte e tentarem “poupar” o filho, a criança poderá reagir da mesma forma.
Mas se os pais agirem com naturalidade a criança poderá lidar com dificuldades.
10 - É importante que a criança participe do funeral?
O funeral só deve ser assistido pela criança se ela quiser. E não faça com que ela se sinta culpada se não desejar ir.
Se a decisão for de ir ao enterro, explique como o será e as cenas tristes que ela visualizará ao seu redor, como a existência do caixão e de pessoas chorando.
Sempre na companhia de um adulto que está atento e disposto a acolher os seus sentimentos e a esclarecer, no que for possível, sua dúvida.
11 - É necessário que as pessoas que perdem entes queridos consultem um profissional?
Nem sempre, apenas quando está encontrando dificuldades em retomar sua vida “normal”.
A maioria das pessoas não apresenta sintomas de depressão e isolamento em seis meses, não necessitando da intervenção profissional.
Mas, há pessoas que deixam de se alimentar, isolam-se e podem ter pensamentos de se suicidar; precisando do apoio profissional especializado.
12 - Há pessoas que aprendem com as perdas?
Sim, existem muitas pessoas que passam a valorizar ainda mais a oportunidade de estar viva depois de uma perda.
Passam a cuidar melhor de si e das pessoas ao seu lado.
Tornam-se mais relaxadas ao perceberem que não podem controlar tudo.
Diminuem o medo de errar e participam de situações que antes não se permitiam. Exemplo: apostar mais em si do que nos outros.
Há também, aquelas que passam a se preocupar também com as pessoas com quem não tem um vínculo afetivo tão próximo.
Podemos citar como exemplo: A família do piloto Ayrton Senna, fiel aos seus princípios criou o Instituto Ayrton Senna: que gera oportunidades de desenvolvimento humano a crianças e adolescentes como estratégia no combate ao desafio da desigualdade social.
Lucinha Araújo criou após a morte de seu filho a Sociedade Viva Cazuza que cuida de crianças soropositivas.
13 - Existem outras perdas para as quais precisamos fazer um luto?
Sim, são elas:Emprego (novo, perda, promoção ou rebaixamento, aposentadoria)
• Relacionamentos (separação, divórcio, quando um filho sai de casa)
• Saúde (doença, ferimento, acidente)
• Fatos da vida (morte de amigo ou membro da família, perda de propriedade, mudança de casa ou de cidade)
Reflexão:
"Concedei-nos, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar, coragem para modificar aquelas que podemos e sabedoria para distinguir umas das outras."

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