TCC 2015
terça-feira, 23 de setembro de 2008
CIÚMES PATOLÓGICO
1- Qual a definição de ciúmes?
Ciúme é um conjunto de emoções desencadeadas por pensamentos de alguma ameaça à estabilidade ou qualidade de um relacionamento íntimo valorizado. As definições de ciúme são muitas, tendo em comum três elementos:
a) ser uma reação frente a uma ameaça percebida;
b) haver um rival real ou imaginário e;
c) a reação visa eliminar os riscos da perda do objeto amado.
O fato da discriminação entre fantasia e realidade ser percebida claramente não cria problemas entre os parceiros.
Num estudo populacional, todos os entrevistados (100%) responderam positivamente a uma pergunta indicativa de ciúme, embora menos de 10% reconheceu que este sentimento acarretava problemas no relacionamento (Mullen, 1994).
2 - Quando o ciúmes pode ser considerado patológico?
Quando é causado por um grande desejo de controle total sobre os sentimentos e comportamentos do companheiro(a).
Quando há ainda preocupações excessivas sobre relacionamentos anteriores, as quais podem ocorrer como pensamentos repetitivos, imagens intrusivas e ruminações sem fim sobre fatos passados e seus detalhes.
As dúvidas se transformam em idéias supervalorizadas e a linha divisória entre fantasia e realidade freqüentemente se torna vaga e imprecisa.
Envolvendo riscos para a relação e sofrimentos para os envolvidos.
3 – Como as pessoas agem no ciúmes patológico?
A pessoa é compelida à verificação compulsória de suas dúvidas.
- verifica se a pessoa está onde e com quem disse que estaria,
- abre correspondências,
- ouve telefonemas,
- examina bolsos, bolsas, carteiras, recibos, roupas íntimas,
- segue o companheiro(a), contrata detetives particulares, etc.
- Há o caso de uma paciente portadora de Ciúme Patológico que marcava o pênis do marido assinando-o no início do dia com uma caneta e verificava a marca desse sinal no final do dia (Wright, 1994).
- Mais absurda ainda é a história de outro paciente, com ciúme obsessivo, que chegava a examinar as fezes da namorada, procurando possíveis restos de bilhetes engolidos (Torres, 1999).
4 – A pessoa faz tudo isso por conta da dúvida?
Sim, os ciumentos estão em constante busca de evidências e confissões que confirmem suas suspeitas.
5 - Toda essa tentativa de aliviar sentimentos ameniza o mal estar da dúvida no ciumento?
Não, ainda que confirmada pelo(a) companheiro(a), essa inquisição permanente traz mais dúvidas ainda ao invés de paz.
Mesmo quando escuta a confissão do companheiro(a) o ciumento nunca acha-a suficientemente detalhada ou fidedigna e tudo volta à torturante inquisição anterior.
6 – Como reagem os parceiros ?
Os companheiros(as) desses pacientes vivem dissimulando (mascarando) elogios e presentes recebidos ou omitindo fatos e informações na tentativa de minimizar os graves problemas de ciúme, mas geralmente agravam ainda mais.
7 – Como os profissionais diferenciam o ciúmes normal do patológico?
Normal
Patológico
- transitório, específico e baseado em fatos reais;
- o maior desejo é preservar o relacionamento
-preocupação infundada, absurda e emancipada do contexto;
-haveria o desejo inconsciente da ameaça de um rival (Kast, 1991)
-várias emoções são experimentadas, tais como a ansiedade, depressão, raiva, vergonha, insegurança, humilhação, perplexidade, culpa, aumento do desejo sexual e desejo de vingança.
-é um vulcão emocional sempre prestes à erupção e apresenta um modo distorcido de vivenciar o amor, para ele um sentimento depreciativo e doentio.
- extremamente sensível, vulnerável e muito desconfiado, portador de auto-estima muito rebaixada, tendo como defesa um comportamento impulsivo, egoísta e agressivo.
8 Pessoas com ciúmes patológico são violentas?
O potencial para atitudes violentas é destacado no Ciúme Patológico, despertando importante interesse na psiquiatria forense.
As estatísticas policiais sobre as vítimas do Ciúme Patológico normalmente estão distorcidas, tendo em vista o fato das mulheres raramente darem queixa das agressões que sofrem por esse motivo.
O Ciúme Patológico pode até motivar homicídios, e muitas dessas pessoas sequer chegam aos serviços médicos e psicológicos.
9 Essas pessoas tem outros problemas além do ciúmes patológico?
Geralmente sim.
Os crimes de paixão, ou seja, relacionados à idéias delirantes de Ciúme Patológico (Palermo, 1997), são por pessoas com algum problema psicológico, desde transtornos de personalidade, alcoolismo, drogas, depressão, obsessão, e até esquizofrenia.
10– Como é o tratamento oferecido à essas pessoas?
Primeiro avaliar:
- a racionalidade dessas preocupações, assim como o grau de limitação ou prejuízo que acarretam
Segundo:
- buscar um entendimento psicopatológico do sintoma, uma pessoa pode estar delirante, ainda que o cônjuge de fato o(a) esteja traindo.
Terceiro:
-buscar diagnóstico responsável pelo sintoma, (da mesma forma que a ocorrência de delírios não implica nenhum diagnóstico específico, obsessões e compulsões não são sintomas característicos e exclusivos do Transtorno Obsessivo-Compulsivo, dificultando o diagnóstico diferencial).
Quarto, avaliar também se o sofrimento gerado tanto para o indivíduo quanto para o cônjuge gera incapacidade:
- no trabalho, na vida conjugal, no laser e na sociabilidade,
- ver ainda o risco de atos violentos e
- a qualidade global do relacionamento.
Quinto, considerar os fatores de predisposição emocional, como por exemplo:
- os sentimentos de inferioridade e insegurança,
- os transtornos psicológicos atuais ou anteriores,
- as experiências passadas de separação ou traição,
- traumas de relacionamento dos pais.
Sexto, os fatores precipitantes também merecem atenção, como é o caso do estresse atual, das:
- perdas,
- mudanças e comportamentos provocativos do cônjuge.
- É sempre necessária uma avaliação cuidadosa e global em cada caso em particular.
- Terapia individual ou a terapia de casal, mais indicada já que o ciúme obsessivo pode tornar a vida familiar infernal
- Uma outra solução encontrada por ciumentos obsessivos são os grupos de auto-ajuda. Desde 1994 funciona em todo o país o MADA - Mulheres que amam demais anônimas
- Mais de cinco mil mulheres já passaram pelos grupos de São Paulo e hoje existem 25 grupos formados em todo o país.
- A maciça maioria dos portadores de Ciúme Patológico, entretanto, não está dentro dos hospitais e nem nos ambulatórios (Shepherd, 1961).
- Há vários anos suspeita-se que o Transtorno Obsessivo-Compulsivo poderia se manifestar como Ciúme Patológico.
- Não há também nenhuma regra proibindo as idéias obsessivas de envolverem o tema ciúme com a mesma força que envolve a contaminação, sujeira, doença, etc.
11 - Como lidar com o ciúme?
Em primeiro lugar admitir, reconhecer que está com ciúmes.
Identificar a situação que houve este sentimento e qual o exato momento em que ele surgiu.
Lembrar exatamente o que estava acontecendo naquele momento e o que foi que passou na sua cabeça.
Verifique se o que você pensou, está de fato baseado na realidade ou na sua imaginação.
As coisas da realidade são comprováveis e são possíveis de fazer você manter o equilíbrio.
Caso, ainda assim, você creia que têm motivos para sentir ciúmes, pergunte-se o que você pretende alcançar em seguida: esclarecer e ficar bem ou apenas aliviar-se e livrar-se do sentimento.
Calma, procure pensar em todas as alternativas possíveis, pense como uma outra pessoa faria no seu lugar, como você aconselharia alguém nesta mesma situação.
Pense nas vantagens e desvantagens de tomar uma atitude impensada.
Converse, esclareça a situação até onde for possível, quando for possível.
Lembre-se você não está decidindo toda a sua vida, mas a sua relação com uma pessoa, mesmo que ela tenha sido, até agora, a mais importante de sua vida.
Não fique na dependência emocional até se dar mal".
Tente controlar esse sentimento que em demasia deixa de ser normal para se tornar prejudicial
Desenvolva confiança em você mesmo
Reconheça seus próprios méritos, seus próprios valores, em termos físicos, emocionais, intelectuais, e pontue os motivos pelos quais o parceiro continua com você.
Aprenda a fazer concessões e a se enxergar como um ser que tem vida própria
Não crie expectativas demais. : "Eu espero que o outro saiba o que eu quero sem que eu precise explicitar"
Saiba diferenciar: - Auto estima: é o grau de valor que dou a mim mesmo.
Amor próprio: é o afeto que eu sinto por mim.
Valorize a própria vida e procure também atividades independentes do parceiro, isto pode ser um bom começo.
Não duvide das pessoas que a cercam, todos têm direito de defesa e, se você tiver paciência de ouvir um pouco, vai entender outros motivos que levam as pessoas a fazer o que fazem, que não é necessariamente para provocar você.
A regra de ouro, entretanto, é ser feliz de alguma forma: "Numa relação sempre haverá alguma dificuldade, mas a gente tem que ponderar os benefícios, ver se o índice de felicidade é maior que o de infelicidade, senão não vale a pena".
Complementos e Frases:
Ciúme Alcoólico - Trata-se de um tipo de transtorno psicótico crônico (transtorno delirante) provocado pelo álcool caracterizado por delírios de que o parceiro conjugal ou sexual é infiel. O delírio é característícamente acompanhado de procura intensa de evidências da infidelidade e acusações diretas que podem levar a discussões violentas.
O ciúme também não ocorre apenas em relações amorosas. Problemas de ciúme no trabalho são cada vez mais freqüentes.
Este sentimento complexo está presente no relacionamento amoroso, entre amigos, irmãos e no trabalho.
O ciúme é sempre uma relação a três?
O homem está mais preocupado com a traição física. O ciúme do homem é mais sexualizado e o da mulher é mais afetivo.
Nietzche, o famoso filósofo alemão, exemplificou muito bem o medo da perda do amor quando diz: “Todo grande amor faz nascer a idéia cruel de destruir o objeto desse amor, a fim de subtrair, para sempre, ao jogo sacrílego das mudanças, porque o amor teme mais as mudanças que a destruição”.
Shakespeare que diz que "os ciumentos não precisam de motivo para ter ciúme. São ciumentos porque são. O ciúme é um monstro que a si mesmo se gera e de si mesmo nasce".
Nas páginas dos jornais, as explicações dos assassinos são parecidas: "Se ele(a) não pode ser meu, não será de mais ninguém".
"Os ciumentos sempre olham para tudo com óculos de aumento, os quais engrandecem as coisas pequenas, agigantam os anões e fazem com que as suspeitas pareçam verdades." (Cervantes)
O ciúme segue o amor como a sombra segue o homem. É um amor doloroso onde o individuo vive as exigências de uma posessividade, e surge através de intensas ligações com o objeto amado gerando um sentimento de exclusividade, mostrando assim, o medo da perda da pessoa amada.
São os graus do ciúme?
O Enciumado: Aquela pessoa que eventualmente na presença de uma ameaça real sente o ciúme. Estou com a minha parceira. Vamos a algum lugar e aparece a Gisele Bündchen e eu fico encantado por ela e a minha parceira fica enciumada e, vice-versa, se eu estou com ela, e aparece o Reynaldo Gianecchini. Se eu percebo que possa rolar uma paquera entre eles, vou ficar enciumado. Este "ficar enciumado" é natural.
O Ciumento: Vive em estado de ciúme o tempo todo. Se o parceiro demora, fica preocupado, mas não preocupado com o parceiro, mas se ele está com outro ou com outra, aonde foi que não avisou. Então, vai vasculhar bolsa, bolsos, armários, pertences e cartas. Neste caso, a pessoa já possui características neuróticas.
O delírio de ciúme ou Síndrome de Othello: O terceiro tipo, o chamado ciúme patológico, também conhecido como "Síndrome de Othello", em referência ao personagem shakespeariano que sofria deste mal, pode levar a pessoa a cometer atos de extrema agressividade física, configurando aqueles casos que recheiam as crônicas policiais de suicídios e homicídios passionais. A pessoa se comporta da seguinte forma:
"Você fez a barba hoje porque vai encontrar com a outra."
"Você chegou atrasado (a) porque com certeza você foi encontrar com o outro (a)."
A pessoa sai de uma desconfiança para uma certeza delirante.
AS DOZE TRADIÇÕES DE MADA
Assim como os Doze Passos nos ajudam na nossa recuperação, as Doze Tradições nos ajudam a manter a unidade do grupo.
1. Nosso bem-estar deve vir em primeiro lugar. O progresso pessoal da maioria depende da unidade.
2. Para o propósito do nosso grupo, existe somente uma autoridade: um Deus afetuoso,
que Se expressa em nossa consciência de grupo. Nossas líderes são apenas servidoras confiáveis. Não governam.
3. O único requisito para ser membro de MADA é o desejo de se recuperar da dependência das pessoas.
4. Cada grupo deve ser autônomo, exceto em questões que digam respeito a outros grupos de dependência de pessoas ou de anônimos em geral.
5. Cada grupo de MADA tem um único objetivo, que é o de ajudar a seus membros a
se recuperarem da sua dependência de pessoas. Fazemos isso através da prática dos Doze Passos de MADA, dando e recebendo ajuda de outras dependentes.
6. Os grupos de MADA não devem apoiar, financiar ou emprestar seu nome a nenhuma entidade externa, para evitar que problemas envolvendo dinheiro, propriedade ou prestígio
os afastem do seu objetivo primordial, que é o espiritual. Embora sejam entidades separadas, devem sempre cooperar com outros Programas de Anônimos.
7. Todos os grupos de MADA devem ser economicamente auto-suficientes e não devem aceitar contribuições externas.
8. O trabalho dos Doze Passos de MADA nunca deverá ser profissional. Entretanto, nossos centros de serviços poderão empregar funcionários especializados.
9. Nossos grupos, assim como os grupos de Anônimos, não devem ser organizados,
mas podemos criar comitês ou juntas de serviço diretamente responsáveis perante àqueles a quem servem.
10. Os grupos de MADA não têm opinião sobre questões externas, para impedir que o seu nome possa ser levado a controvérsias públicas.
11. Nossa política de relações públicas baseia-se mais na atração do que na promoção;
é necessário manter o anonimato pessoal para a imprensa, rádio, filmes e televisão.
É necessário proteger, com cuidado especial, o anonimato de todos aqueles de quem nos tornamos dependentes.
12. O anonimato é o fundamento espiritual de todas as nossas tradições. Devemos lembrar sempre que os princípios estão acima das personalidades.
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