TCC 2015

TCC 2015

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Mitomania



MENTIRAS: DIVERSÃO, DEFESAS ACEITÁVEIS OU MITOMANIA? Programa Rádio Mulher de 12 e 19 de abril de 2006.Consultor Arnaldo Vicente, Psicólogo Especialista em Terapia Cognitiva.
________________________________________
Dizem que quem diz que nunca mentiu está mentindo. A pessoa que mente jura que não mentiu, mas que apenas omitiu, que escondeu para que as coisas não ficassem piores. A mentira aflora na infância como uma diversão, mas quando é freqüente pode gerar dúvidas entre o que é imaginação e verdade. Como lidar com a mentira na infância, na adolescência e na fase adulta?

1- Mentir é humano?
Sim, mentir é humano. "Mente quem diz que não mente", diz Suzy Camacho, psicóloga e terapeuta familiar, autora do livro "O Guia Prático dos Pais".

2- A criança recorre as mentiras?
Sim. No início como uma diversão e depois para fugir de uma punição severa ou na tentativa de não decepcionar os pais.

3- Mentir é um comportamento normal da criança?
Em grande parte dos casos sim, porque suas histórias são inofensivas e este comportamento não é um hábito.
É normal que as crianças de quatro a cinco anos pelo processo psicológico se divirtam ouvindo e inventando histórias, confundindo a realidade com a fantasia.
Mais ou menos a partir dos sete anos de idade elas aprendem a diferenciar o pensamento baseado na realidade e na fantasia.

4- Quando mentir deixa de ser um comportamento normal?
Quando estiver se transformando em um hábito, uma prática comum na vida da criança.
Isto mostrará que a criança não está sabendo o limite entre a fantasia e a realidade.
Nem tem noção do que pode ser errado e prejudicial, tanto para ela como para as outras pessoas.

5- Como agir quando isto acontecece?
Quando descobrem que as pessoas podem ser enganadas.
A partir dessa descoberta podem mentir em proveito próprio, para evitar castigos ou para receber alguma recompensa.
As crianças compreendem a necessidade de mentir tanto mais cedo quanto mais inteligentes elas forem.

6- Como é a mentira na adolescência?
Nesta fase os jovens:
- Já diferenciam com certa precisão o que é real e o que é imaginário;
- Já fazem avaliações sobre possíveis conseqüências de suas atitudes;
- Já têm algumas idéias predeterminadas sobre o modo de agir das pessoas em relação as suas atitudes quando consideradas como inadequadas.
- Já descobriram que as mentiras, suas e dos outros, podem ser aceitas em algumas ocasiões.
7- Que idéias podem contribuir para que os adolescentes mintam?
- A idéia de que será motivo de zombarias por parte das outras pessoas. Exemplo: não dizer a razão correta e verdadeira de ter faltado às aulas porque estava com diarréia.
- A idéia de quê precisa manter a sua privacidade e independência. Exemplo: não dizer onde foi ou quem saiu de madrugada.
- A idéia de que não será compreendido ou ajudado em problemas sérios, como, por exemplo, quando consomem drogas ilegais ou álcool.
- A idéia de que serão rejeitados, ironizados ou desmoralizados quando falharam em escolhas que não tinham o apoio de seus pais. Exemplo: término de namoros, insatisfações acadêmicas ou profissionais.
8- E a mentira na fase adulta?
- O adulto mente para manter uma boa atmosfera familiar. Segundo pesquisadores da Universidade da Virgínia em Charlottesville, os cônjuges e familiares são vítimas de dois terços de todas as mentiras graves.
- Mentem para conquistar pessoas e cargos usando “jeitinhos” e charmes ao invés qualidade, capacidade e perseverança.
9- Que idéias levam o adulto a mentir?
As principais idéias são aquelas que dizem respeito a sua relação com as pessoas:
- se eu mostrar quem eu realmente sou ou as coisas que realmente fiz as pessoas não vão querer saber de mim; serei visto como fracassado por ser incapaz, inadequado e sem valor.
10- Como poderiam agir para não mentirem?
Investigar se estão analisando os fatos baseados em comprovações e também perceberem se utilizar a mentira ajuda a alcançar seus objetivos.
11- O que acontece com as pessoas que criam o hábito de mentir?
Desenvolvem o que chamamos de mentira patológica, de síndrome de Pinóquio ou mitomania; é uma doença que precisa de tratamento psiquiátrico e psicológico.
12- O que é a mitomania?
É uma doença definida como uma forma de desequilíbrio psíquica caracterizado essencialmente por declarações mentirosas.
Diferente dos contos infantis, como o de Pinóquio, e das histórias de pescador a mitomania – compulsão mórbida pela mentira – é a necessidade descontrolada de freqüentemente fazer uso da mentira.
È considerada como um transtorno específico de personalidade que merece atenção e cuidados.
Foi descrita e assim denominada há apenas um século, por um médico francês, o professor Ernest Dupré, psiquiatra e médico-chefe da enfermaria da Prefeitura de Polícia de Paris, em 1905.
13- Como começa a mitomania?
O que se sabe, seguramente, é que há fatores do ambiente familiar responsável por este tipo de conduta. Esse distúrbio tem sua origem na supervalorização de suas crenças em função da angústia subjacente.”
A descoberta da realidade é um martírio para essas pessoas.
"A maioria das mitomanias é bem construída e se alimenta de histórias verossímeis", sendo assim, é lógico que as pessoas próximas se deixem atrair para o jogo, pois não podemos de todo modo começar a suspeitar de que todos são mitômanos".
14- Qual o perfil psicológico da pessoa que apresenta a mitomania ou a mentira patológica?
Poderíamos começar dizendo que o mentiroso compulsivo, no fundo, tem baixa auto-estima e, através das falas fantásticas e dos acontecimentos inventados procura a admiração dos outros que, por si mesmo, pensa não ter.
“De um lado, o mitômano sempre sabe no fundo que o que ele diz não é totalmente verdadeiro”.
Mas ele também sabe que isso deve ser verdadeiro para que lhe garanta um equilíbrio interior suficiente.
Em determinado momento, o sujeito prefere acreditar em sua realidade mais que na realidade objetiva exterior; de tanto mentir, ele mesmo já acredita na própria mentira!
Ele tem necessidade de contar essa história e acreditar nelas para se sentir tranqüilizado e de acordo consigo mesmo. A mentira é uma finalidade em si.
É muito diferente do mentiroso ou do fraudador, que têm finalidades práticas, onde a mentira é apenas um meio para outros fins.
Há um sentimento de prazer e de poder que pode facilmente incitá-la a recomeçar.
Na mentira patológica ou compulsiva a pessoa mente pelo prazer de mentir.
A mentira é uma forma dela existir, de chamar a atenção para si mesma.
Está-se com algum problema estomacal, por exemplo, é capaz de dizer que está com câncer, se fez feijão com salsicha diz que almoçou estrognofe de camarão, se compra um quadro diz que foi ela que pintou e acredita nas próprias mentiras.
O pior é que o que mais deseja - ser amada através deste outro personagem que criou, acaba provocando é o efeito rebote - acaba perdendo amor e carinho porque ninguém agüenta tanta mentira.
É digno de atenção psicológica.
A maioria das pessoas mitomaníacas consegue permanecer com sua vida profissional e social em níveis mais ou menos normais; outras, têm prejuízo ocupacional significativo e, com o tempo, se isolam socialmente.
São também pessoas que têm características de personalidade megalomaníaca (grandeza), erotomaníaca (amoroso) e outros.
A mitomania deixa a pessoa vaidosa, maligna e perversa e tem fortes carências afetivas.
Normalmente, são também pessoas inseguras.
Há uma sensação no compulsivo de não ser bom o suficiente por si mesmo. Então, tudo ele quer transformar em mais glamouroso.
O mitômano usa a mentira de forma consciente para ludibriar pessoas, tirar vantagens.
A amoralidade e a insensibilidade são suas marcas registradas.
A mentira vira um estilo de vida.
O mitômano não admite a mentira nunca. Também não se abala ao tê-la descoberta. Ao contrário, quando demonstra abalar-se não passa de mera interpretação para enganar ainda mais as pessoas.
15- Qual o melhor tratamento para a pessoa que mente compulsivamente?
Tratar o mentiroso é uma coisa difícil por diversas razões.
A primeira delas é que raramente eles procuram ajuda, a não ser quando vão perder o cônjuge, o emprego ou algo importante.
A segunda é que mentem justamente porque não querem se deparar com a própria insuficiência.
Optam pela comodidade de viver sonhos, ainda que isso signifique a própria destruição ou a daqueles que estão em sua volta.
O melhor tratamento exige cuidados que associam o tratamento com psiquiatras e psicólogos.
O objetivo é que os medicamentos atuem na compulsão e a psicoterapia o auxilie a fazer a separação entre o mundo de verdade e o mundo de imaginação, da fantasia e dos sonhos (todos com temáticas megalomaníacas) que levaram a pessoa a desenvolver este falso eu através do qual fogem da realidade.
16- Todas as mentiras são patológicas?
Não. Existem as chamadas mentirinhas utilitárias, quer em situações profissionais, sociais ou mesmo familiares.
17- Como são as mentiras utilitárias?
Nestas mentiras (as utilitárias) há plena consciência do ato; a pessoa mentiu para, por exemplo, benefício de sua imagem pública, para seduzir ou para obter alguma pequena vantagem ou para não se envergonhar perante os outros.
Passada a situação, logo em seguida, este "mentiroso" equaciona a questão e volta à verdade absoluta de sua vida.
Nem sempre esta mentira é algo de má-fé.
Até por educação e gentileza, por exemplo, dizemos à vizinha que nos recebe para um jantar que os pratos estavam deliciosos ou, para alguém que nos pergunta se está bonito, afirmamos sua própria certeza, para não melindrá-lo.
18- Mas há mentiras que são mais sérias que essas, isto significa que a pessoa é mentirosa compulsiva?
Não, este é o mentiroso episódico. . “Já o mentiroso episódico é aquele que mente que está se separando da esposa só para seduzir uma moça. Espontaneamente ou ao ser descoberto, admite a verdade”,
19- Existem mentirosos virtuais?
Sim, são os mentirosos cibernéticos. A Internet tornouse uma das principais armas da modernidade nas mãos de mitômanos ou simples aventureiros da mentira. É possível mentir sem ser descoberto, plagiar e até aplicar pequenos e grandes golpes. O anonimato e a possibilidade de alterar a realidade favorecem o mentiroso, seja o vovô que se passa por garotão com ajuda de uma fotomontagem ou o espertinho que consegue marcar encontros e arrancar dinheiro e viagens de suas vítimas.

20- Você tem algum exemplo de mitomania?

Exemplo: Um homem tinha um pai que era maquinista. Mas fazia questão de repetir a história que ouvira desde cedo, da mãe: para todo mundo, que o seu pai era engenheiro da rede ferroviária. O sogro era diretor de uma empresa de grande porte, mas para os amigos, colocava-o como o dono. Formou-se em História por uma faculdade privada, mas não economizava detalhes para convencer a todos, inclusive para sua mulher, que era graduado pela USP, mestre e doutor. Suas mentiras só terminaram quando ficou atolado em dívidas e morreu dependente do álcool.
Outro exemplo: Uma moça conta histórias elaboradas para conseguir que a loja troque uma roupa que já usou.

21- As pessoas contam muitas mentiras?
Um estudo científico norte-americano, desenvolvido pelo psicólogo Gerald Jellison, da Universidade do Sul da Califórnia, assegura que:
- Acessamos cerca de 200 mentiras por dia, seja ouvindo, lendo ou assistindo.
-Sem contar o período eleitoral, quando, segundo ele, a quantidade é duplicada.
-Todos contamos entre uma e duas dúzias de mentiras diariamente, desde aquele comentário sobre o novo visual da colega de trabalho até a desculpa para não comparecer a um jantar de amigos. São mentiras aceitáveis para a convivência, a medida que podem funcionar como apaziguadores sociais”
Lembrem-se: "Uma situação não determina como nos sentimos, mas sim o modo com a construímos". Aaron Beck
www.ctcbauru.com.br

3 comentários:

Anônimo disse...

Ola... eu chamo me Olivia, e acho que sofro de mitomania, por vezes minto por coisas que não tem interesse nenhum, sinto deprimida e muito triste porque minto e não o quero fazer, mas por vezes as palavras saem me sem eu as conseguir controlar... quero me tratar e parar mas tenho medo do ridiculo, ou que os meus pais não compreendam... não sei o que fazer...

Anônimo disse...

Bom dia, achei este documentario muito bom, me esclareceu varias duvidas que passavam pela minha cabeça, pois tenho um namorado que sofre de mitimania, so que ele nao sabe, bom vai fazer um ano que estamos juntos, e vejo algo diferente nele mas nao sabia o que era, e descobri algumas mentirar que me contou neste ultimo feriado, mas nao e so isso. A tempo ele vem mentindo e eu nao sei como lidar com isso como mostrar a ele que precisa d tratamento ?

Anônimo disse...

Ooi me chamo Luana acho tambem que tenho mitomania, porque as vezrs por coisas tolas eu nao consigo dizer a verddade, eu acabo mentindo, mas nao quero continuar fazendo isso, porque tambem sei que se continuar eu vou ficar sozinha....